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Resenha: The wedding eve - A véspera do casamento e outras histórias

sábado, 13 de agosto de 2016

Confesso que nos últimos tempos tenho comprado pouquíssimos mangás, aliás, devo estar me tornando um velho chato, agora que estou prestes a chegar aos meus 40 anos de vida, mas vez ou outra, quando vou até à banca e vejo algo diferente, trago pra casa pra dar uma conferida. Foi assim com Hideout, mangá de terror sobre o qual já resenhei aqui há algumas postagens atrás e agora com The wedding eve: A véspera do casamento e outras histórias (Shiki no Jenjitsu), um josei (mangá voltado para o público feminino adulto), obra da autora Hazumi, publicado pela Editora Panini Comics recentemente. A obra é um volume único que reúne seis histórias curtas no encadernado e foi um dos maiores sucessos no Japão em 2012, ano em que foi puplicado por lá.

Gosto de mangás de ação e luta, mas também curto bastante os contos japoneses com temática mais dramática, introspectiva e que me emocionem pela sensibilidade, por isso, assim que vi a capa da edição na banca, não pensei duas vezes pra comprar, pois sabia que mesmo que não considerasse as histórias excelentes, o conteúdo me agradaria bastante. E de fato achei os contos de The wedding eve um pouco rasos, talvez por serem curtos demais, com exceção de "O espantalho que sonha", dividido em duas partes, mas lendo com calma e mais de uma vez, pude perceber neles a sensibilidade que gosto nesse tipo de história. Inclusive o que achei mais interessante é que, apesar de serem contos focados basicamente nos dramas cotidianos do ser humano, todos eles são carregados de lirismo e um "q" de misticismo até, o que torna cada uma das seis histórias muito gostosas de se ler, além de você correr o risco de realmente se identificar com algumas das situações. Abaixo, uma pequena sinopse de cada um dos seis contos: 

A véspera do casamento
A história de dois jovem que dividem os últimos dias morando juntos, antes da mulher se casar. Enquanto ela está nervosa com os preparativos para a cerimônia, o rapaz, apesar de gentil, parece não se importar tanto assim com o acontecimento.
É a história que dá nome ao mangá. Confesso que tive que ler as últimas páginas duas vezes para poder entender o final, mas não digo isso de forma negativa, justamente o contrário. Estava achando tudo chatinho no começo, mas ao perceber do que realmente se tratava, achei bastante meigo e foi a partir daí que percebi que cada conto poderia ser mais interessante do que parecia. 

Reencontro com Azuza nº 2
Um pai divorciado decide visitar sua filha de 7 anos enquanto a mãe não está em casa. 
Se eu já havia achado bacana o final da primeira história, essa realmente me surpreendeu, pois não esperava que ela fosse o que fosse. 

Irmãos monocromáticos
Dois irmãos gêmeos que se reencontram num bar depois de 10 anos, após irem ao funeral de uma velha amiga e o primeiro amor de ambos.
Embora tenha muitos pontos engraçados, essa foi a história que mais mexeu comigo, pois além de tratar de morte, perda, despedida e lembranças, tem uma conclusão melancólica.

O espantalho que sonha, partes 1 e 2
Um rapaz volta ao Kansas, sua cidade natal, 10 anos depois para o casamento de sua irmã mais nova e lá começa a ter várias lembranças boas e ruins de seu passado.
Apesar de eu ter achado o desfecho da trama bem bobinho pra uma história que ocupa dois capítulos do mangá, a história não é ruim, tendo alguns pontos até bastante engraçados.

O pequeno jardim de outubro
Um escritor depressivo, apático e solitário que mora com uma estudante colegial que diz ser sua parente, tem estranhos sonhos com um corvo que observa o mundo de cima de uma árvore.
Embora eu tenha entendido a mensagem que a história quis transmitir, achei ela bem fraquinha e a sua conclusão um pouco confusa, sem muitas explicações.


E então...
Um gato observa as ações de seu dono rabugento e preguiçoso.
O conto final, o mais curto e chatinho do compilado, mas assim como "A véspera do casamento", tem um final interessante, que muda repentinamente o tom da história.

Independente de possuir histórias boas e outras nem tanto, The wedding eve vale a pena ser comprado, pois todos os contos são inteligentes e sensíveis à sua maneira. Enquanto Hideout, que era um mangá de terror tinha seus traços pesados, poluídos e escuros, esse josei é limpo, leve e iluminado. Cada um dos personagens apresentados nas histórias, com suas personalidades distintas geram identificação em maior ou menor grau, você consegue sentir a individualidade de cada um deles e facilmente se coloca no lugar. Sabemos que são coisas pelas quais, se já não passamos, estamos sujeitos a passar e isso é o interessante da coisa.







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