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Sobre pintos esfolados, bipolaridade meteorológica e melodramas apavorantes.

terça-feira, 14 de novembro de 2017


Sou uma dessas muitas pessoas cujo ânimo é facilmente afetado pelas condições climáticas. Amo frio, mas odeio chuva, talvez por causa das péssimas condições do telhado de casa. Odeio dias de calor escaldante, mas apesar de gostar de frio, me sinto bem mais animado e até mesmo esperançoso em dias de sol. Há quem diga que tem a ver com signos, eu não sei, não creio nessas coisas, mas o caso é que nos últimos dias tenho estado razoavelmente bem. O tempo limpou e em certas horas do dia sopra uma brisa até que fresca no ar, talvez anunciando uma possível frente fria, quem sabe. Sou uma criatura naturalmente pessimista, mas nos dias de clima mais aprazível eu até consigo pensar que talvez as coisas possam melhorar. De repente a ideia de usar minhas próximas férias para enviar meu currículo para algumas agências de design já não parece tão amedrontadora. Não estou desempregado no momento e nem pretendo ficar, mas de tempos em tempos sentimos a necessidade natural de mudar de ares, evoluir, nem que seja só mais um pouco. Sou realista o bastante para saber que minha rotina de vida não mudaria plenamente, existem muitos fatores externos fora do meu controle que contribuem pra isso, mas estou sentindo muito a necessidade de ao menos mudar o que eu consigo mudar, mesmo que pouco.

Minhas férias começam no dia 20 de dezembro e vou ter 30 dias de descanso, ao menos espero conseguir descansar, não o corpo, mas a mente. Mas esse ano quero me esforçar para fazer as coisas de um modo um pouco diferente, quero realmente tentar usar esse tempo livre para algo mais produtivo do que dormir, assistir Netflix, sair caminhando a toa pela cidade ou esfolar o pinto de tanto me masturbar. Pretendo revisar meu currículo, agora que já sou oficialmente formado em Design e tentar a sorte. Não sei se tenho forças para suportar mais um ano no mesmo emprego, fazendo as mesmas coisas, com sobrecarga de trabalho e um salário injusto ao meu cargo. Sei que muita gente gostaria de estar no meu lugar, mas não me importo, os problemas e preocupações dos outros não anulam os meus. Satisfação e felicidade são relativas e não me culpo por ter essa opinião.
As vezes penso se o buraco dos meus problemas e neuras não é bem mais embaixo, se mesmo que eu mude de emprego, ganhe um salario maior, conquiste mais coisas, continue infeliz, com a sensação de que ainda falta algo. Noutro dia, assistindo um episódio de Bojack Horseman, na Netflix, uma animação adulta, me senti muito melancólico quando a mãe do protagonista lhe disse que não importa o que ele fizesse ou tivesse, seria sempre infeliz. Mesmo ele sendo famoso, conseguindo dinheiro, mulheres, reconhecimento, sempre teria aquele vazio dentro dele, porque o que ele de fato busca não era nada daquilo. Não que minha mãe também já tenha me dito isso, mas é uma dessas coisas que, se você parar pra refletir por uns minutos, pode se identificar facilmente. Satisfação e felicidade são relativas.


Invejo quem tem a capacidade de viver bem sozinho, como meu amigo João Marcos. Se não é esse o caso, ao menos ele consegue disfarçar muito bem. Pra quem se diz um pouco carente ele não demonstra nem um pouco. Acho que eu teria muito mais paz de espírito se conseguisse ser assim, mas não dá, cada um tem seu jeito particular de lidar com seus demônios e eu só consigo acalmar os meus quando recebo a atenção que desejo. Se eu não conseguir mudar isso, quando chegar minha hora vou morrer muito infeliz, isso porque sempre fui e ainda sou uma dessas pessoas que não se encaixa nos padrões sociais comuns, não faço muito sucesso com as pessoas e as chances de eu terminar minha vida sozinho passam de 50%. É fato que as pessoas se afeiçoam mais a quem age e pensa da forma que lhes agrada E eu confesso que a ideia de morrer sozinho me apavora. É como se você tivesse nascido e vivido pra nada, isso na minha opinião é claro. Pra maioria das pessoas, 90% disso tudo que estou externando é um belo de um melodrama, mas a maioria das pessoas acabam assimilando os padrões sociais e conseguem filtrar a maioria das coisas, deixando-as mais leves de se levar. Eu sinto demais.




1 Divagações

  1. Acho que vida não é uma competição de quem sofre mais. O nosso sofrimento pode até parecer fútil aos olhos dos demais, mas cada um sabe da intensidade do próprio e o quanto dói. Não acho que você precisa se esforçar para esconder o que sente... quem nos ama, deve amar por inteiro.

    Beijos, Eduardo!
    Blog: *** Caos ***

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